Célula
ECONÔMICOS
Interessa-nos diversas temáticas, como mercado de trabalho, estrutura produtiva, fluxos de comércio, arrecadação e transferências de impostos, práticas econômicas alternativas, entre outras.
ATO I - PIB, empregos, estabelecimentos, importações e exportações (2018)
Marcada como área de interesse para atividades econômicas desde o século XVIII, a mesorregião Norte Fluminense viu sua formação socioespacial sofrer os efeitos dos períodos áureos da produção açucareira nos anos 1960 e da subsequente crise na década seguinte, seguida por uma redefinição produtiva e pela intensificação da exploração petrolífera a partir da década de 1980. Nesse contexto, a busca por atender à indústria petrolífera agravou as questões agrárias e urbanas na região.
Dessa forma, buscamos analisar a dinâmica econômica da mesorregião Norte Fluminense, a partir de indicadores como PIB, empregos, estabelecimentos, importações e exportações, com recorte temporal nos primeiros anos deste século, especialmente os anos de 2007 a 2017.
PIB regional
No período analisado, foi possível identificar que o PIB regional está fortemente concentrado em apenas três dos nove municípios que compõem a mesorregião, a saber:
- Campos dos Goytacazes, com 33 bilhões de reais;
- Macaé, com 17 bilhões de reais;
- São João da Barra, com 7 bilhões de reais,
a preços correntes em 2016, com a predominância da indústria, graças à exploração de petróleo e às atividades de apoio relacionadas. Enquanto isso, a agropecuária e os serviços públicos têm uma parcela significativa nos municípios de Conceição de Macabu, São Fidélis, Cardoso Moreira e São Francisco de Itabapoana.
Estabelecimentos e vínculos empregatícios
Os municípios de Campos dos Goytacazes e Macaé exibem, respectivamente, o maior número de estabelecimentos e vínculos de empregos formais. No entanto, no período analisado, observou-se que Macaé apresentou uma taxa de variação de -4,12% no número de estabelecimentos, sendo o município mais afetado São João da Barra, com -5,43%, como reflexo da crise econômica sentida em 2014 no setor petrolífero. A estrutura dos municípios de Campos e Macaé revela o predomínio do comércio e dos serviços, e, em menor proporção, da indústria de transformação.
A distribuição dos empregos exibe estrutura semelhante, em que o emprego industrial tem maior expressão em Macaé, enquanto em Campos dos Goytacazes, o comércio e os serviços são mais expressivos, seguidos pela indústria. Nos demais municípios da mesorregião, predomina o setor de serviços e comércio, lembrando que esses serviços são majoritariamente atribuídos ao setor público. Vale ressaltar também que houve uma oscilação no número de empregos, que vinha em decréscimo nos primeiros anos do século XXI, com sua primeira queda registrada em 2008, seguida de uma recuperação em 2010 até 2014, quando apresentou um decréscimo acentuado nos anos subsequentes.
Importações e exportações
Quanto aos fluxos de comércio internacional, tanto as exportações quanto as importações estão concentradas nos municípios de Macaé, com mais de 2 bilhões de dólares, e São João da Barra, com quase 500 milhões de dólares em exportações. As importações, em 2017, apresentaram valores de 295 milhões de dólares e 143 milhões de dólares, respectivamente, servindo de suporte logístico à exploração de petróleo, contando com importantes portos. Entretanto, de 2007 a 2017, houve uma taxa de variação negativa de -55,62% nas exportações do município de São João da Barra, enquanto Macaé, mesmo que de forma modesta, com 1,07%, foi o único município que apresentou uma taxa de variação positiva. As taxas de variação das importações seguiram a mesma tendência.
Espero que essa formatação ajude a destacar os pontos mais relevantes do texto! Se precisar de mais alguma coisa, estou aqui para ajudar.
ATO II - Empregos formais, ICMS, Royalties
A descentralização política propiciada pela Constituição de 1988, acompanhada pelo desmantelamento das políticas e das instituições estatais de desenvolvimento nacional e regional, deslocou a esfera do planejamento e da gestão para os níveis locais.
Se, por um lado, os municípios receberam diversas atribuições e responsabilidades quanto à oferta de alguns serviços, por outro lado, os recursos orçamentários permaneceram concentrados nos níveis estadual e federal.
O IBGE, por meio da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC), tem mostrado que os municípios brasileiros encontram dificuldades na elaboração de políticas públicas. Tais dificuldades são o resultado, entre outras coisas, da falta de estudos sistematizados e propositivos, muito em decorrência da ausência de corpo técnico.
É nesse contexto que este projeto de extensão visa oferecer um panorama cartográfico e geográfico das condições econômicas e sociais dos municípios que compõem a Mesorregião Norte Fluminense, com a finalidade de realizar a caracterização e elaboração de um atlas a partir das variáveis selecionadas.
A Região Norte Fluminense necessita de informações sistematizadas sob a forma de um banco de dados e de um atlas com informações agrupadas, sistematizadas e representadas em cartogramas e outras formas de representação.
A base da economia regional se pauta nas atividades de comércio e serviços e nas atividades relacionadas à extração de petróleo e gás. Os municípios pequenos dependem, em grande medida, das transferências de recursos de outras esferas, enquanto os maiores (Campos dos Goytacazes e Macaé) têm estrutura produtiva diversificada e se destacam na rede urbana regional.
Os procedimentos metodológicos realizados abrangeram levantamento e leitura bibliográfica, cursos de capacitação da equipe (linguagem Python), compilação de dados (SEFAZ, RAIS/CAGED e Inforoyalties/UCAM), sistematização e análise dos dados.
Os resultados da ação de extensão se concentraram na leitura das mutações econômicas no Norte Fluminense, considerando as variáveis empregos formais, transferências institucionais de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e de royalties e participações especiais da exploração de petróleo.
Royalties e participações especiais
Entre os anos de 2011 a 2021, os royalties e participações especiais apresentaram grande oscilação em alguns municípios, sobretudo após a crise de 2015.
Em 2021, o Norte Fluminense teve -58% de royalties + participações especiais, comparado com o ano de 2011.
Campos dos Goytacazes foi o município que mais sofreu perda durante esses dez anos (-78%). Entretanto, o município de Conceição de Macabu, em 2021, registrou 23% a mais do que 10 anos atrás.
Transferências de ICMS
As transferências de ICMS repetem o mesmo cenário, com variação positiva da região no período de 2011 a 2021 (48%), apesar das quedas entre os anos de 2014 a 2017, refletindo o cenário de crise econômica e política.
A principal mudança é que, se em 2011 Macaé respondia por parcela considerável das transferências (89,2%), seguido por Campos dos Goytacazes (9,9%), no ano de 2021 Macaé permanece à frente (75,3%), seguido por São João da Barra (18%) e Campos dos Goytacazes (6,2%).
Campos dos Goytacazes é marcado por perda real no período (-8%), Macaé cresce (25%) abaixo da média regional e São João da Barra (16.762%) responde por aumento considerável, em função da ampliação das atividades do Porto do Açu e da instalação de empresas nesse complexo.
Mercado de trabalho formal
O mercado de trabalho formal iniciou uma queda em 2014 e os dados de 2020 indicam que, exceto por São Francisco de Itabapoana (34%), São João da Barra (32%) e Conceição de Macabu (1%), tanto a região quanto os demais municípios não retornaram aos valores de 2011.
De um modo geral, a região foi afetada pelo choque no setor de petróleo a partir de 2014 (queda na cotação do barril), pelo redirecionamento dos investimentos da Petrobras da bacia de Campos para a bacia de Santos e pela crise econômica e política iniciada em 2015.
Esse cenário de perda e crise, no entanto, tem sido desigual, com maiores perdas para Campos dos Goytacazes, enquanto São João da Barra se destaca com os maiores incrementos nas variáveis analisadas.
Referências
SEFAZ, 2022.
INFO ROYALTIES UCAM, 2022.