Célula

POPULAÇÃO

A população é fundamental para a compreensão da realidade social de qualquer território. Ela representa o denominador básico de todos os indicadores sociais, econômicos e ambientais. Nesse sentido, é indispensável conhecer a estrutura e dinâmica populacional para avaliar corretamente a distribuição de recursos, para a formulação de políticas públicas e para o planejamento urbano adequado. O objetivo principal dessa célula é a sistematizar e espacializar estimativas da população por município, desagregada por idade, sexo e situação de domicílio.

População Absoluta

Entre 1970 e 2022, a população da Mesorregião Norte Fluminense (MRNF) passou de 485.466 para 920.826 pessoas, um incremento absoluto de 434.380 pessoas. De 2010 para 2022, houve um acréscimo de 71.311 habitantes na região. Entre 2000 e 2010, a população urbana da região cresceu em termos absolutos 153.456 habitantes, enquanto a população rural diminuiu em 3.233 habitantes. Esse movimento reflete uma tendência de urbanização que pode ser observada em várias regiões do Brasil.

Um dos fatores que influenciou a alteração do balanço entre as populações urbana e rural foi a migração externa, que agregou população em núcleos urbanos da MRNF. A partir dos dados coletados, observou-se um expressivo crescimento do número de migrantes na MRNF. De acordo com o Censo Demográfico, residiam na região no ano de 2000, 15.328 imigrantes. Já o Censo de 2010 apontou 111.200 habitantes residentes na mesorregião naturais de outro estado ou de outras regiões do Estado do Rio de Janeiro, um acréscimo de 95.872 imigrantes nesse período. Esse fenômeno foi especialmente notável no município de Macaé, onde uma parte considerável desses imigrantes passou a residir. Cerca de 63% do número total de habitantes acrescidos entre 2000 e 2010 foram imigrantes.

Estrutura Etária

As pirâmides etárias representam a população relativa de homens e mulheres, geralmente em grupos etários quinquenais, em um determinado momento. Sua representação é um gráfico de barras distribuídas à direita e à esquerda de um eixo vertical central, com os homens representados nas barras à esquerda e as mulheres à direita. No eixo das abcissas, é representada a proporção de pessoas, e no eixo das ordenadas, os grupos de idades. A partir da análise da base e da forma das pirâmides, é possível fazer inferências sobre o crescimento populacional, comportamento da natalidade, mortalidade e migração.

Fonte: Censos Demográficos (1970, 1980, 1991, 2010, prévia de 2022)

No caso das pirâmides etárias que representam o padrão por sexo e idade da região Norte Fluminense, nota-se que, em 1970, havia uma grande proporção de jovens abaixo de 20 anos, com uma forte diminuição relativa da população a partir dessa faixa etária. Como os maiores fluxos migratórios estão associados à migração em busca de trabalho e renda, a migração tende a ser seletiva por idade. No caso da região Norte Fluminense, a menor proporção de pessoas com mais de 30 anos pode ser associada à emigração de jovens para fora da região até meados da década de 1980. Em 1980, já se nota um pequeno arrefecimento da emigração observada na década anterior, mas é a partir do Censo de 1991 que a região passa a ser considerada receptora de pessoas em idades produtivas. Muito provavelmente, em função do aquecimento econômico na região entre as décadas de 1980 e 2000, essa imigração foi certamente associada à criação de novos postos de trabalho nas cidades de destino, especialmente em Macaé.

Adicionalmente, a análise das bases de todas as pirâmides etárias indica uma progressiva queda na fecundidade e mortalidade, refletindo o avanço da transição demográfica observado em praticamente todas as regiões brasileiras. Apesar de já ser perceptível um ligeiro envelhecimento da população em 2010 e 2022, o padrão etário ainda se concentrava nas idades mais jovens. Nesse contexto, em comparação com outras regiões do país, a região Norte Fluminense, mais em função da entrada de imigrantes do que dos efeitos da transição demográfica, possuía uma alta proporção de população em idade ativa em relação à população de crianças e idosos. Nesse sentido, é possível afirmar que a região se encontra diante de uma janela de oportunidades proporcionada por um bônus demográfico devido à forte entrada de migrantes em idade ativa e uma maior proporção de pessoas jovens na população.

Os municípios da Região Norte Fluminense

A região é composta por nove municípios: Carapebus, Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis e São João da Barra. Em números absolutos, o município mais populoso é Campos dos Goytacazes, seguido de Macaé, que são os dois municípios mais importantes da região. Campos dos Goytacazes é o maior tanto em termos de extensão territorial quanto de população. Ele, juntamente com Macaé, concentra aproximadamente 79,27% da população total da MRNF, conforme os dados do Censo de 2022.

Contudo, Campos dos Goytacazes perdeu participação na população da região Norte Fluminense ao longo do tempo. Em 1970, a participação do município na população total era de 65,54%, e em 2022 era de 52,51%. Mesmo considerando a participação de Cardoso Moreira, emancipado de Campos na década de 1990, o município continua perdendo participação. Por outro lado, Macaé aumentou sua participação na população regional, de 13,43% em 1970 para26,76% em 2010. Considerando a participação dos municípios emancipados (Carapebus e Quissamã), a participação de Macaé dobrou no período.

Crescimento Populacional

A população da região aumentou a taxas mais relevantes a partir da década de 1980, em decorrência das atividades de exploração e produção de petróleo na Bacia de Campos. Esse fenômeno contribuiu significativamente para a migração de pessoas para a região, com foco principalmente em Macaé, que viu sua população crescer de 132.461 habitantes em 2000 para 206.728 em 2010, registrando um acréscimo de 74.267 habitantes.

Se mantidos os números calculados pelo IBGE em 2022, o crescimento populacional da região é praticamente igual ao crescimento da população brasileira e mais que o dobro do crescimento da população do estado do Rio de Janeiro.

Período Norte Fluminense Rio de Janeiro Brasil
1970-1980 0,81% 2,27% 2,45%
1980-1991 1,34% 1,15% 1,91%
1991-2000 1,50% 1,31% 1,64%
2000-2010 1,95% 1,05% 1,16%
2010-2022 0,67% 0,03% 0,52%
Fonte: Censos Demográficos (IBGE, 2023)

População Absoluta

Em números absolutos, o município mais populoso é Campos dos Goytacazes, seguido de Macaé, que são os dois municípios mais importantes da região. Campos dos Goytacazes é o maior tanto em termos de extensão territorial quanto de população. Ele, juntamente com Macaé, concentra aproximadamente 73,2% da população total da MRNF, conforme os dados do Censo de 2010.

O primeiro município se destaca pelo dinamismo do setor de serviços, especialmente serviços educacionais, e pela proximidade com São João da Barra e Macaé, compondo uma rede regional articulada por relações funcionais. O segundo, Macaé, tem uma centralidade importante na geração de trabalho, atraindo fluxos migratórios de longa e média distâncias para gerar intensos movimentos pendulares.

Unidade Territorial 1970 1980 1991 2000 2010 2022
Carapebus 8.666 13.359 13.847
Campos dos Goytacazes 318.806 348.542 389.109 407.168 463.731 483.540
Cardoso Moreira 12.595 12.600 12.958
Conceição de Macabu 11.560 13.624 16.963 18.782 21.211 21.104
Macaé 65.318 75.863 100.895 132.461 206.728 246.391
Quissamã 10.467 13.674 20.242 22.393
São Francisco de Itabapoana 41.475 41.354 45.059
São Fidélis 35.143 34.973 34.581 36.789 37.543 38.961
São João da Barra 55.619 54.588 59.561 27.682 32.747 36.573
Norte Fluminense 486.446 527.590 611.576 699.292 849.515 920.826
Rio de Janeiro 8.994.802 11.291.631 12.807.706 14.392.106 15.989.929 16.055.174
Brasil 93.134.846 119.011.052 146.825.475 169.872.856 190.755.799 203.080.756
Fonte: Censos Demográficos (IBGE, 2023)

Contudo, Campos dos Goytacazes perdeu participação na população da região Norte Fluminense ao longo do tempo. Em 1970, a participação do município na população total era de 65,51%, e em 2010 era de 54,59%. Mesmo considerando a participação de Cardoso Moreira, emancipado de Campos na década de 1990, o município continua perdendo participação.

Por outro lado, Macaé aumentou sua participação na população regional, de 13,44% em 1970 para 28,36% em 2010. Considerando a participação dos municípios emancipados (Carapebus e Quissamã), a participação de Macaé dobrou no período.

Unidade Territorial 1970 1980 1991 2000 2010 2022
Carapebus 1,2% 1,6% 1,5%
Campos dos Goytacazes 65,5% 66,1% 63,6% 58,2% 54,6% 52,5%
Cardoso Moreira 1,8% 1,5% 1,4%
Conceição de Macabu 2,4% 2,6% 2,8% 2,7% 2,5% 2,3%
Macaé 13,4% 14,4% 16,5% 18,9% 24,3% 26,8%
Quissamã 1,7% 2,0% 2,4% 2,4%
São Francisco de Itabapoana 5,9% 4,9% 4,9%
São Fidélis 7,2% 6,6% 5,7% 5,3% 4,4% 4,2%
São João da Barra 11,4% 10,3% 9,7% 4,0% 3,9% 4,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: Censos Demográficos (IBGE)

Fonte: Dados processados no R e RStudio com base em da dados orginais do IBGE

Dados de população: Censo Demográfico 2022
Distribuição geográfica da população em células de 12″x12″: Agregados por Setores Censitários e Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos
Principais estradas: Open Street Map / pacote osmdata 
Sistema de referência geodésico
: SIRGAS 2000
Projeção: Latitude/Longitude

O município de Campos dos Goytacazes destaca-se como a área de maior concentração populacional no Norte Fluminense, evidenciada pelas tonalidades em marrom escuro no centro-norte do mapa. Seguindo para o sudeste, observa-se uma alta densidade populacional na região de Macaé e agolerações vizinhas: Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e Cabo Frio. A área conurbada é atribuída à alta densdade econômica especialmente devido à presença do setor petrolífero e turismo. A urbanização não se limita apenas ao centro urbano, estendendo-se ao longo da faixa costeira. A leste da região, destacam-se áreas povoadas próximas à divisa com o Espírito Santo, abrangendo os municípios de São João da Barra e São Francisco de Itabapoana. Por outro lado, o interior da região é caracterizado por áreas com baixa densidade populacional, representadas pelas tonalidades em bege claro no mapa. Essas áreas, com densidade inferior a 1 habitante por hectare, são típicas de regiões rurais ou espaços ainda não urbanizados, reforçando o contraste entre os polos urbanos e as áreas menos ocupadas do Norte Fluminense.

O padrão de ocupação no Norte Fluminense revela uma característica linear ao longo das principais rodovias, sugerindo que o crescimento urbano está associado ao acesso à infraestrutura de transporte. As rodovias funcionam como eixos estruturantes, orientando a expansão das áreas urbanizadas e facilitando a conexão entre os centros urbanos, embora sejam observados algumas áreas subpovoadas próximas a essas rodovias. Por outro lado, nas regiões onde a densidade populacional é superior a 150 habitantes por hectare, há indícios de uma possível pressão sobre a infraestrutura urbana. Esse adensamento populacional pode resultar em desafios para o sistema de transporte, saneamento básico e habitação, tornando necessária a implementação de políticas públicas voltadas para o planejamento urbano sustentável.

Taxa de Urbanização

Unidade Territorial 1970 1980 1991 2000 2010 2022
Carapebus 79,3% 78,9% 81,8%
Campos dos Goytacazes 55,2% 58,3% 83,4% 89,4% 90,3% 93,5%
Cardoso Moreira 63,8% 69,5% 71,3%
Conceição de Macabu 63,4% 70,9% 82,4% 88,1% 86,5% 90,1%
Macaé 60,9% 72,8% 88,5% 95,1% 98,1% 97,3%
Quissamã 42,1% 56,3% 64,2% 81,1%
São Francisco de Itabapoana 47,6% 51,0% 61,9%
São Fidélis 33,5% 43,6% 64,1% 72,1% 79,1% 82,9%
São João da Barra 17,5% 38,6% 50,0% 70,9% 78,5% 79,8%
Norte Fluminense 50,3% 57,7% 79,2% 85,1% 88,1% 91,1%
Rio de Janeiro 87,9% 91,8% 95,3% 96,0% 96,7% 97,9%
Brasil 55,9% 67,6% 75,6% 81,2% 84,4% 87,4%
Fonte: Censos Demográficos (IBGE, 2023)

Taxa média geométrica de crescimento populacional dos municípios da região Norte Fluminense

Macaé apresentou o maior crescimento populacional a partir da década de 1980, em decorrência do fortalecimento econômico da cadeia produtiva da indústria de exploração e produção de petróleo e gás na Bacia de Campos.

 

Unidade Territorial 1970-1980 1980-1991 1991-2000 2000-2010 2010-2022
Carapebus 4,33% 0,30%
Campos dos Goytacazes 0,89% 1,00% 0,51% 1,30% 0,35%
Cardoso Moreira 0,00% 0,23%
Conceição de Macabu 1,64% 1,99% 1,14% 1,22% -0,04%
Macaé 1,50% 2,59% 3,05% 4,45% 1,46%
Quissamã 3,00% 3,92% 0,84%
São Francisco de Itabapoana -0,03% 0,72%
São Fidélis -0,05% -0,10% 0,69% 0,20% 0,31%
São João da Barra -0,19% 0,79% -8,59% 1,68% 0,92%
Norte Fluminense 0,81% 1,34% 1,50% 1,95% 0,67%
Rio de Janeiro 2,27% 1,15% 1,31% 1,05% 0,03%
Brasil 2,45% 1,91% 1,64% 1,16% 0,52%
Fonte: Censos Demográficos (IBGE, 2024)

Fonte: Censos Demográficos (1970, 1980, 1991, 2010, prévia de 2022)

O código fonte desta página está disponíveis no repositório ghnaves/atlasnf_pop do Github

 

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